sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O que é um verbete?

"No meu dicionário
está escrito:
'Contém mais de 30 mil verbetes.'
O que isto quer dizer?


Esta é uma das perguntas que já me foram dirigidas várias vezes, e não somente por estudantes. Por constarem informações como estas nos dicionários, muita gente pensa que "verbete" e o mesmo que "palavra". Os verbetes são notas, comentários ou qualquer acréscimo curto de informações sobre algo contido no dicionário, numa matéria jornalística ou em qualquer texto. Explicando melhor: é um texto curto, informativo, para explicar um conceito ou esclarecer uma definição.
Para cumprir corretamente sua finalidade, é fundamental que o verbete siga rigorosamente as regras gramaticais de uso da escrita do idioma,seja este qual for, mas ao mesmo tempo tem que ser a mais objetiva possível. Por isto há a necessidade de precisão na escolha das palavras. Devem ser evitadas palavras que expressem opiniões e impressões pessoais, e também as figuras de linguagem e palavras de difícil compreensão para a maioria dos leigos quanto ao tema a ser tratado. 
Há verbetes de circulação, de interlocução e sócio-históricos. Quanto aos de circulação, o que se pode dizer atualmente é que originalmente as obras de referência compostas de verbetes eram publicadas como tomos, mas agora isto é coisa do passado, pois a publicação digital traz muitas vantagens que se refletem principalmente em sua estrutura. Os verbetes de interlocução são destinados a um leitor leigo que busca informações especializadas.  Para estes casos, existem muitos dicionários técnicos e enciclopédias especializadas em diversas áreas do conhecimento, mas a tendência à síntese, uma característica do gênero, muitas vezes dificulta para os leigos a compreensão de verbetes referentes a assuntos mais obscuros ou complexos. Por isto os verbetes de interlocução são aplicados para tornar o conhecimento sistemático acessível a qualquer pessoa que o procure.
As obras de referência e os dicionários têm origens históricas muito diversificadas e, por isto, de difícil determinação. Nestes casos, os verbetes sócio-históricos constituem um gênero discursivo derivado da cultura racionalista, cientificista e tecnocrática dominante atualmente. Surgem a partir disto as noções de "leitor universal", a quem se destina o texto. O autor especialista, como soberano da razão, legitima-se como esclarecedor das massas. A isto une-se a atomização estrutural do conhecimento para justificar a criação de obras de referência compostas de tópicos explicativos sistematicamente construídos, mas que podem ser consultados em total isolamento uns dos outros.

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